Matcha: benefícios e receita do meu latte

Quem me conhece sabe que adoro chá verde, especialmente o dos Açores. O chá verde contém imensos benefícios, nomeadamente é um dos antioxidantes mais eficazes do planeta (mais precisamente, o segundo maior, depois da infusão de hibisco) *1.

O consumo de chá verde apresenta muitos benefícios, como:

  • Diminuição da recorrência do cancro da mama *2
  • Diminuição da recorrência de constipações *3
  • Diminuição da recorrência de doença arterial coronária (a mais comum das doenças cardiovasculares) *4
  • Melhoria do sistema imunitário *5
  • Melhoria da qualidade da pele e como agente protetor dos raios solares UV *6.

Quando consumido em forma de pó, estes benefícios são muito maiores, pois são também consumidas as próprias folhas. Daí ser tão interessante o matcha – chá verde japonês, que se apresenta em forma de pó. No Japão este chá é consumido há muitos séculos e constitui um elemento essencial nas cerimónias de chá.

Este tipo de chá é muito versátil, pois pode ser utilizado em bolos, panquecas, bebidas e até em cosméticos!  Uma das minhas maneiras preferidas de consumir o matcha é num latte com leite de coco caseiro. Uso sempre este matcha e por vezes também adoço com um pouco de xarope de ácer.

A receita não podia ser mais simples:

Matcha Latte
 
Tempo de preparação
Tempo de cozimento
Tempo total
 
Autor:
Tipo de receita: Bebidas, Sem lactose
Porções: 1 cup
Ingredientes
  • 200 ml de leite de coco
  • ½ Cc (colher de chá) de matcha em pó
  • 1 CC (colher de sopa) de xarope de ácer (ou outro adoçante líquido)
Instruções
  1. Colocar num tacho o leite de coco e o xarope de ácer. Aquecer até a temperatura desejada.
  2. Adicionar o matcha em pó e, com a ajuda de uma mini varinha-mágica, processar a mistura até incorporar os ingredientes e obter espuma (se não tiverem, podem usar uma liquidificadora ou varinha normal).
  3. Beber imediatamente!

*1 Carlsen MH, Halvorsen BL, Holte K, Bøhn SK, Dragland S, Sampson L, Willey C, Senoo H, Umezono Y, Sanada C, Barikmo I, Berhe N, Willett WC, Phillips KM, Jacobs DR Jr, Blomhoff R. The total antioxidant content of more than 3100 foods, beverages, spices, herbs and supplements used worldwide. Nutr J. 2010 Jan 22;9:3

*2 P. Zhou, J.-P. Li, C. Zhang. Green tea consumption and breast cancer risk: Three recent meta-analyses. Breast Cancer Res. Treat. 2011 127(2):581 – 583

*3 Matsumoto K, Yamada H, Takuma N, Niino H, Sagesaka YM. Effects of green tea catechins and theanine on preventing influenza infection among healthcare workers: a randomized controlled trial. BMC Complement Altern Med. 2011 Feb 21;11:15.

*4 Z M Wang, B Zhou, Y S Wang, Q Y Gong, Q M Wang, J J Yan, W Gao, L S Wang. Black and green tea consumption and the risk of coronary artery disease: a meta-analysis. Am J Clin Nutr. 2011 Mar;93(3):506-15.

*5  Matsumoto K, Yamada H, Takuma N, Niino H, Sagesaka YM. Effects of green tea catechins and theanine on preventing influenza infection among healthcare workers: a randomized controlled trial. BMC Complement Altern Med. 2011 Feb 21;11:15.

*6 Heinrich U, Moore CE, De Spirt S, Tronnier H, Stahl W. Green tea polyphenols provide photoprotection, increase microcirculation, and modulate skin properties of women. J Nutr. 2011 Jun;141(6):1202-8.

Granola de quinoa

Confesso que não tenho por hábito fazer granola muitas vezes, mas adoro sentir aquele aroma delicioso a perfumar a cozinha e a ter algo crocante para juntar aos iogurtes ou taças de batidos.

Esta receita em particular surgiu num dia em que me tive esta vontade, mas não tinha nem aveia nem oleaginosas em casa. Assim, à primeira vista, seria missão impossível fazer granola!

Pensei melhor e surgiu-me a ideia de fazer uma granola com base em quinoa, que é um pseudo-cereal extremamente completo nutricionalmente e tem todos os amino-ácidos essenciais, sendo uma proteína completa. Nunca tinha visto nenhuma granola de quinoa e pensei “Porque não?” E assim foi!

A verdade é que o resultado foi delicioso, a quinoa adquiriu uma textura completamente diferente e crocante! Adicionei também lascas de coco (que só se devem juntar no final por queimarem muito facilmente) e pepitas de cacau cruas, para dar um toque mais crocante e intenso.

Em relação ao adoçante, usei melaço de cana, que parece ser uma das melhores opções entre diferentes adoçantes *1. O melaço tem um sabor e cor intensos, mas em receitas em que se usa o cacau, penso que resulta muito bem.


Granola de quinoa
 
Tempo de preparação
Tempo de cozimento
Tempo total
 
Autor:
Tipo de receita: Lanche/petisco, Pequeno-almoço
Cozinha: Vegan, Sem glúten
Porções: 500gr
Ingredientes
  • 200 gr de quinoa, previamente demolhada durante 8-12h
  • 100 gr de lascas de coco
  • 100 gr de passas (ou outro fruto-seco)
  • 50 gr de pepitas de cacau
  • 3 CS de melaço de cana (ou outro adoçante líquido)
  • 2 CS de cacau em pó
  • 1 CS de óleo de coco
Instruções
  1. Colocar a quinoa num tabuleiro e levar ao forno pré-aquecido a 170ºC durante 15 min, até voltar a secar e ficar ligeiramente crocante.
  2. Misturar o óleo de coco com o melaço e o cacau em pó e envolver a quinoa com este xarope. Voltar a levar ao forno durante cerca de 15 min ou até torrar ligeiramente.
  3. Desligar o forno, juntar as lascas de coco por cima de quinoa e levar ao forno até ligares ligeiramente torradas, com o calor residual.
  4. Deixar arrefecer o preparado e misturar, por fim, as passas e as pepitas de cacau. Está pronta!

*1 M. P. Katherine and H. C. Monica. Total antioxidant content of alternatives to refined sugar. J Am Diet Assoc. 2009 Jan;109(1):64-71.

Sopa completa & anti-inflamatória

A receita desta sopa surgiu numa semana não muito favorável para mim: eram dias frios de inverno, só chovia e, para melhorar a situação, tinha arrancado dois sisos. Um deles, teimoso como a dona, não queria sair, resultando na perfuração do seio maxilar.

O resultado? Muitas dores, um inchaço terrível e possibilidade de inflamação. Como não conseguia comer sólidos, passava os dias a sopa triturada com feijão. Assim, para tirar algum aproveito da situação, criei a receita desta sopa que inclui poderosos anti-inflamatórios naturais.

Devo dizer que ajudou-me muito (juntamente com a medicação que, neste caso, era inevitável) e alguns dias depois de ter tirado os sisos, dei um Showcooking a dezenas de pessoas, no El Corte Inglés. Estava inchada na mesma (podem tentar descobrir qual foi, pelas fotos na secção Portefólio!) mas com energia e forças suficientes para tal.

Quem me conhece sabe que adoro curcuma e tento incluir esta raiz em diversos pratos. Mas qual é a cena da curcuma, Oksi?

Bem, a curcuma é uma raiz de cor laranja, que constitui um dos antioxidantes e anti-inflamatórios mais poderosos do planeta e que parece apresentar mecanismos ativos supressores das células cancerígenas *1. Para além disso, parece ser um tratamento eficaz na prevenção e diminuição da sintomatologia na demência (Alzheimer) *2, na diminuição da inflamação e dor associada a osteoartrite *3 *4, entre outros.

O gengibre, a curcuma e os cogumelos – todos presentes nesta sopa e todos potentes anti-inflamatórios *5 – vão protegerem-vos das constipações, gripes e outros males desnecessários.

Não vos massacro mais com estudos sobre a saúde (as vezes não sei se estou a escrever uma receita ou uma tese…), e apresento-vos a melhor sopa completa & anti-inflamatória de sempre!


4.5 from 2 reviews
Sopa completa & anti-inflamatória
 
Tempo de preparação
Tempo de cozimento
Tempo total
 
Autor:
Tipo de receita: Vegan, Sem glúten
Porções: 3 litros
Ingredientes
  • 3 cenouras, em rodelas
  • 1 cebola roxa, cortada grosseiramente
  • 1 abóbora butternut, aos cubos (sem casca)
  • 400 gr de feijão branco cozido
  • 100 gr de cogumelos shimeji (ou outros cogumelos frescos)
  • 1 CS de azeite
  • 1 CS de curcuma em pó
  • 1 CS de gengibre em pó q.b.
  • Pitada de pimenta preta
  • Leite de coco q.b.
  • 1.5 lt de água
  • Sal q.b
Instruções
  1. Levar ao lume uma panela com a água e deixar levantar fervura.
  2. Adicionar os legumes descascados e cortados (não adicionar o feijão) e cozer durante 20 minutos (ou até a abóbora ficar tenra).
  3. Acrescentar os temperos e o feijão branco e deixar cozinhar durante mais 5 minutos.
  4. Entretanto, numa frigideira antiaderente, aquecer uma colher de sopa de azeite e saltear os cogumelos até ficarem dourados. No final, temperar com um pouco de sal e pimenta preta.
  5. Triturar a sopa e servir com um pouco de leite de coco e os cogumelos shimeji salteados.

 

*1 Campbell TC. Cancer Prevention and Treatment by Wholistic Nutrition. J Nat Sci. 2017;3(10)

*2 J M Ringman, S A Frautschy, E Teng, A N Begum, J Bardens, M Beigi, K H Gylys, V Badmaev, D D Heath, L G Apostolova, V Porter, Z Vanek, G A Marshall, G Hellemann, C Sugar, D Masterman, T J Montine, J L Cummings, G M Cole. Oral curcumin, for alzheimer’s disease: tolerability and efficacy in a 24-week randomized, double blind, placebo-controlled study. Alzheimers Res Ther. 2012 Oct 29;4(5):43.

*3 Y. Henrotin, A. L. Clutterbuck, D. Allaway, E. M. Lodwig, P. Harris, M. Mathy-Hartert, M. Shakibaei, A. Mobasheri. Biological actions of curcumin on articular chondrocytes. Osteoarthr. Cartil. 2010 18(2):141 – 149.

*4 Y. Henrotin, F. Priem, A. Mobasheri. Curcumin: A new paradigm and therapeutic opportunity for the treatment of osteoarthritis: Curcumin for osteoarthritis management. Springerplus. 2013 2(1):56.

*5 S. S. Percival, J. P. V. Heuvel, C. J. Nieves, C. Montero, A. J. Migliaccio, J. Meadors. Bioavailability of herbs and spices in humans as determined by ex vivo inflammatory suppression and DNA strand breaks. J Am Coll Nutr. 2012 31(4):288 – 294.

Leite de coco (a partir de coco inteiro)

Desta vez partilho com vocês a minha técnica para fazer leite de coco caseiro! Este leite é especial, pois para o preparar utilizo um coco seco inteiro em vez de coco ralado de pacote.

A maioria das receitas de leite de coco utilizam coco ralado ou concentrado de coco. No entanto, podem encontrar cocos inteiros em grandes superfícies como El Corte Inglés, Jumbo, Continente e Pingo Doce. O preço dos cocos costuma rondar os 1.99/kg, sendo que cada coco fica geralmente por menos de 1 euros. Ora, como cada embalagem de coco ralado custa também à volta de 1 euros, compensa muito utilizar o coco inteiro!

 

Mas se o preço é o mesmo, porque é que compensa mais utilizar o coco inteiro?

Primeiro, porque compramos um ingrediente no seu estado natural em vez de embalado (sendo assim também mais sustentável). Segundo, porque a partir de um coco inteiro obtemos um resíduo de melhor qualidade do que o resíduo a partir do coco ralado. Este resíduo pode ser utilizado ao natural em bolachas, bolos etc ou desidratado e processado até obter uma farinha. Em último lugar, utilizado o coco inteiro resulta num leite mais cremoso e doce.

Esta é uma versão básica e neutra do leite de coco, sem adição de adoçantes e especiarias. Gosto de fazer o leite neutro pois torna-se mais versátil no posterior uso em receitas.

No entanto, se desejarem obter um produto final mais doce e aromático para ser apreciado ao natural, podem adicionar à receita 5 tâmaras e uma pitada de canela em pó – que serão processados juntamente com o coco.

Este leite é perfeito para servir como base para o leite dourado ou matcha latte.


Leite de coco (a partir de coco inteiro)
 
Tempo de preparação
Tempo de cozimento
Tempo total
 
Autor:
Tipo de receita: Bebidas
Cozinha: Vegano, Sem lactose
Porções: 1 litro
Ingredientes
  • 1 coco inteiro partido, separado da casca *
  • 1 Litro de água morna
Instruções
  1. Passar os pedaços de coco por água (por causa do resíduo da casca), cortá-los em tiras finas e colocar na liquidificadora.
  2. Adicionar a água e processar até o coco ficar em papa.
  3. Filtrar o leite utilizando um tecido ou coador (o último resíduo vai ser mais escuro, por causa da casca interior do coco; dependendo do uso que vão dar ao resíduo, guardem esta parte ou não!)
  4. E está pronto para ser transferido para os frascos, de preferência de vidro!
Notas
* Para partir o coco: com a ponta de uma faca, espetar cada uma das três saliências no topo do coco. Uma das saliências vai ser mole; abrir esta saliência e retirar a água de coco. Colocar o coco dentro de vários sacos velhos e, de num local exterior, bater com o coco no chão algumas vezes, até ficar partido em pedaços pequenos.

 

 

Manteiga corporal caseira

Um bom crepe de corpo foi algo que nunca dispensei e confesso que era viciada nos bodybutter de compra de todos os cheiros possíveis e sabores possíveis. No entanto, quando comecei a procurar um estilo de vida ainda mais natural, saudável e sustentável, percebi que estes iriam deixar de ser uma opção.

Praticamente qualquer creme de corpo comprado numa superfície comercial vai ter conservantes, aromas e outros aditivos químicos. Já para não falar do desperdício que geral as embalagens – são sempre de plástico e um crepe de corpo é um produto que se gasta relativamente rápido.

Apesar de adorar utilizar óleos vegetais puros como hidratantes (tanto no corpo, como na cara), às vezes sinto a necessidade de ter um produto com uma consistência diferente e com um aroma mais pronunciado.

Então, depois de testar muitas diferentes versões, comecei a fazer a minha própria alternativa às manteigas corporais. Ao contrário de um creme normal, uma manteiga corporal é mais concentrada, mais hidratante e à base de óleos, sendo assim perfeita para peles secas.

Neste caso, por apenas incluir ingredientes naturais, é também adequado a peles sensíveis, atópicas e recativas.A minha pele preenche todos os três requisitos então sou a combaia perfeita!

Depois de cerca de 2 anos a hidratar o corpo com este tipo de manteigas, óleos vegetais puros e também por vezes gel de aloé vera, posso-vos garantir que tenho a pele muito mais hidratada e suave, mesmo que algum dia não os use. Assim, tenho notado que este tipo de produtos naturais nutrem a pele a longo prazo.

No caso desta receita em particular, uso o azeite como a base, por ser um produto local para nós e cheio de benefícios para a nossa pele. Por outro lado, a manteiga de karité também é necessária, por ser muito mais espessa do que o azeite e por dar assim a estrutura desejada ao creme.

Em relação aos óleos essenciais, são opcionais, no entanto, tornam o creme aromático e aumentam os seus benefícios. O óleo essencial de alfazema ajuda a acalmar a pele, a relaxar os músculos e é antibacteriano, sendo eficaz no combate à acne e borbulhas em geral.  O óleo essencial de cravinho constitui um antisséptico natural muito poderoso, prevenindo mordidas de insetos e ajudando a eliminar micoses, verrugas, etc.

 

5.0 from 1 reviews
Manteiga corporal caseira
 
Tempo de preparação
Tempo de cozimento
Tempo total
 
Autor:
Tipo de receita: Creme caseiro
Porções: 500ml
Ingredientes
  • 300 ml de azeite extra virgem
  • 6 CS de manteiga de karité
  • 10 gotas de óleo essencial de alfazema (opcional)
  • 5 gotas de óleo essencial de cravinho
Instruções
  1. Em banho-maria, derreter a manteiga de karité até ficar líquida (nunca no micro-ondas para não perder as propriedades)
  2. Colocar a manteiga num processador de cozinha (ou copo da varinha mágica), juntamente com o azeite e os óleos essenciais.
  3. Processar até obter uma consistência cremosa e com “picos” relativamente firmes.
  4. Transferir a mistura para um frasco de vidro e guardar no frigorífico durante 3h, ou até solidificar*
  5. *No verão e em alturas quentes a mistura deve ser guardada no frio para manter a sua consistência. No inverno, pode ser conservada fora do frigorífico, sempre num frasco de vidro fechado.